04/05/2009

Âncora

Afundei-me.
Estou no porto seguro, mantenho-me no fundo, sem deixar que me ergam, já cheguei ao cúmulo do desespero, queria não só ir ao fundo, mas ficar enterrada e esquecida.

Agarrei-me, com força de ferro, agarrada por uma corrente que não me deixava subir.

Estava segura, certa de manter a mim e tribulação no porto, sem os deixar partir para o mundo onde o céu e o mar não se distinguem, onde tudo é uma sinfonia perfeita de azul, onde se vê o barulho das ondas e do sol incandescente
.
Considerei-me forte, mais forte que aquilo que sou. Achei que "quantos mais viessem" mais forte era. Tentaram-me erguer, mostrar o quão era bonito lá fora, o quão era mágico o que eu já estava cansada de ver, em vão, a ferrugem acumulava-se e eu estava a morrer com ela.

Sufoquei de
tanto morrer por dentro.
...
O velho barco foi assim pintado de fresco, passou de "vitima" para "novo mundo". Deixei-me erguer, subi, saí das profundezas, vi, ouvi, cheirei, senti, vivi.
Agora parti, assim sem destino, com o novo mundo, insegura de onde vou parar, mas sem medo de errar. Agora o azul espera-me, a ferrugem saiu, a corrente manteve-se firme, mas desta vez, erguida.


Já me afundei como uma âncora, agora vivo que nem o mar.

3 comentários:

Twin disse...

Só alguém perfeito, pode ter umas mãos perfeitas que consigam transmitir algo tão fantástico para o papel!

amo-te twin <3

Romeu disse...

Todos os barcos estao destinados a navegar no mar!
Não marques um destino, nao sigas a maré, nao te deixes ancorar!
O teu barco pode navegar em terra!


És!

<3

Joana disse...

ADOREI !

Tânia (L)